segunda-feira, 20 de agosto de 2012

O INTÉRPRETE DE LIBRAS ENTRE A SIGNIFICAÇÃO E O TEMA DAS ENUNCIAÇÕES

Modalidade de apresentação: comunicação oral/sinais
Eixo temático: Discurso e tradução/ interpretação para língua de sinais

O INTÉRPRETE DE LIBRAS ENTRE A SIGNIFICAÇÃO E O TEMA DAS ENUNCIAÇÕES

Autora: Vânia de Aquino Albres Santiago
Universidade Federal de São Carlos - UFSCar
 Programa de Pós-Graduação Em Educação Especial

A educação de surdos passou por diversas propostas durante a história, com o início da proposta de educação bilíngue aplicada em sala de aula, a presença do Intérprete de Língua de Sinais – ILS tornou-se condição essencial na educação de surdos inscritos na escola regular. Portanto, justifica-se atenção à pesquisas sobre interpretação e no que se refere à formação do ILS.É importante entender então que não basta para o intérprete dominar a Língua de Sinais, outros fatores além da fluência devem ser investigados para que o intérprete tenha condições de mediação dos conteúdos acadêmicos de forma eficaz. Assim sendo, a questão da compreensão aproxima ou afasta o intérprete do tema da enunciação fonte de sua interpretação. Na perspectiva enunciativo-discursiva, Bakhtin/ Volochínov (2009 [1985]) explica que o “tema”, um dos conceitos trabalhados neste texto, representa um sistema de signos dinâmico e complexo que adapta-se a cada contexto e para chegar ao tema uma rede de significações se estabelece na atividade do interlocutor. A partir destas considerações podemos entender que a consciência do intérprete passeia entre a significação dos elementos linguísticos e sua relação com o todo da enunciação, e que estas questões influenciam diretamente no produto da interpretação. O presente trabalho foi desenvolvido na perspectiva enunciativo-discursiva, sendo uma pesquisa qualitativa, mais especificamente, pesquisa etnográfica. Realizamos coleta de dados por meio de vídeo gravação das interpretações das aulas de um curso de pós-graduação, gerando um banco de dados de episódios de interpretação, para a observação e análise. Selecionamos episódios de 03 momentos diferentes da mesma aula. O 1º recorte, nos primeiros minutos de interpretação, momento em que o intérprete sabe apenas o nome da disciplina e vagamente o assunto da aula, mas ainda não sabe o tema que está por vir, o intérprete opta pela interpretação literal e blocos de informações em Libras menos elaborados. O 2º recorte, 10 minutos após o início da aula, o intérprete configura uma estratégia de interpretação mais baseada na estrutura da língua de sinais, mas ainda sem enunciações elaboradas. No 3º recorte, momento em que o intérprete está totalmente inteirado do assunto, do contexto, acerca da fala da professora, ele consegue transitar entre o português e a Libras de forma leve, construindo enunciações em Libras bem elaboradas e, além disso, fazer explicitações e também usar recursos como o bimodalismo, a segurança pela apreensão do tema possibilita a interpretação ser mais dinâmica, mas isso somente acontece quando a questão da significação, um estágio inferior ao tema, está superada. Trazemos neste trabalho o problema da compreensão a ser discutido de uma maneira mais particular, quanto a possibilidade de interferência no produto da interpretação. Contatou-se que a transição entre a significação e o tema, na compreensão das enunciações é uma constante, a cada nova atividade em sala de aula, a cada capítulo a ser explicado pelo professor, a cada exemplo em aula, novamente a transição, da significação para o tema ou do tema para a significação.

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