terça-feira, 13 de março de 2012

Duas escolas de São Carlos passarão a ser bilíngues

Alunos com surdez e alunos ouvintes terão a oportunidade de aprenderem Libras


Duas escolas municipais de São Carlos ensinarão Libras aos alunos. A escola de ensino infantil Ida Vinci Guerra e a de ensino fundamental Dalila Galli, ambas no Jockey Clube, foram escolhidas pela Secretaria de Educação para serem as Escolas Bilíngues.

O projeto da Escola Bilíngue, que foi apresentado à Secretaria de Educação pela professora Cristina Lacerda, da UFSCar, vem sendo desenvolvido desde o final do ano passado e busca a inclusão e interação dos alunos, além de uma educação de qualidade para todos.

A iniciativa surgiu após a identificação, pela Secretaria de Educação de São Carlos, de que alunos com surdez chegavam ao final do Ensino Médio sem estarem alfabetizados completamente.

A ideia principal do projeto é alfabetizar as crianças com surdez primeiramente em Libras, para que elas possam ter um meio de comunição, uma linguagem própria, e depois, a partir desta linguagem, terem condição de aprenderem as matérias curriculares, como o português e a matemática.

Para Vanessa Cristina Paulino, Chefe de Divisão em Educação Especial, o ensino de Libras aos alunos com deficiência auditiva é extremamente necessário.

“A Libras é a primeira língua das crianças com deficiência auditiva, é essa linguagem que vai proporcionar a essas crianças uma comunicação e dar a elas acesso a todo o conteúdo curricular. O português vem como uma segunda língua.” Comentou Vanessa.

As escolas escolhidas passaram por adequações e tem agora professores de libras e interpretes à disposição dos alunos, além de oficinas de Libras com atividades para o melhor aprendizado das crianças.

A escolha das escolas, segundo Lourdes de Souza Moraes, secretária de educação, foi pela proximidade. Pois são as únicas duas escolas de ensino infantil e fundamental que ficam próximas. Tendo assim condições de dar maior atenção ás crianças, além de poder oferecer transporte adequado a elas.

“Com essas duas escolas, uma dividindo muro com a outra, temos condição de dar total apoio às crianças com deficiência auditiva desde o ensino infantil até o fundamental, temos condição de dar transporte adequado a elas, e temos condição de alfabetizar todos os alunos em Libras, assim as crianças com deficiência podem se comunicar sem dificuldades com todos os amiguinhos, com os professores e até mesmo com a merendeira”. Afirmou Lourdes.

Na Escola bilíngue o projeto é dividido em dois ciclos. No primeiro ciclo os alunos são matriculados em uma classe com professor bilíngue, que os alfabetizará em Libras. Neste ciclo também são oferecidos aos alunos ouvintes, aos professores e funcionários, oficinas de ensino de Libras.

No período oposto, os alunos com deficiência terão oficinas de Libras, com atividades como Educação Física, Artes, passeios, entre outras, junto com os alunos ouvintes, possibilitando uma inclusão e uma convivência com a diversidade.

No segundo ciclo, os alunos com deficiência auditiva são matriculados na sala regular, junto com os alunos ouvintes, onde ele tem acompanhamento de um interprete de Libras/Língua Portuguesa.

No período oposto, tem oficinas para os alunos surdos, onde é proporcionado a eles uma ampliação do conhecimento de Libras. E também é oferecido oficinas de ensino de português como segunda língua.

Segundo a secretária de Educação, o próximo passo é ter uma escola de ensino médio no projeto da Escola Bilíngue.

“Agora nosso próximo passo é motivar, incentivar, sensibilizar o Estado, a diretoria de ensino, para que ela possa identificar uma escola de segundo grau, para ser também uma escola bilíngue, aí o aluno tem condição de começar na escola de educação infantil e concluir o ensino médio com sucesso.” Comentou.

Lourdes faz um apelo à população, aos pais que tenham filhos com deficiência, que não deixem para levar as crianças para a escola só na idade que é obrigatória, só no ensino fundamental, mas que levem desde pequenos.

“O que queremos dizer à população é que não deixem suas crianças com deficiência em casa, que traga para nós. Porque com três ou quatro anos, já temos condição de trabalhar com eles. Tem crianças com deficiência auditiva que só chega à escola no ensino fundamental, pois muitas vezes a família por medo acaba protegendo, ou isolando a criança, e não pode. Quanto mais cedo elas chegarem à escola, o desenvolvimento da linguagem é mais fácil. Assim, quando essa criança chegar ao ensino fundamental ela já estará alfabetizada em libras e ficará mais fácil para elas aprender o conteúdo curricular, o português, a matemática, e as demais matérias”. Finalizou Lourdes.

Fonte: (com adaptações)

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