segunda-feira, 7 de maio de 2012

A língua escrita na escola


A língua escrita na escola. A obstinação pedagógica. A leitura e a escrita ocupando o vazio deixado pela língua oral;

Texto derivado da Dissertação de Mestrado

Pesquisadora: Claudia Regina Vieira
Orientadora: Profa. Dra. Maria Cecília Rafael de Góes

Educação de surdos: problematizando a questão bilíngue no contexto da escola inclusiva

RESUMO

O interesse deste trabalho foi investigar o que vem ocorrendo em nome de duas grandes diretrizes atuais da educação – a escola inclusiva e a proposta bilíngüe para surdos. Nessa direção realizamos uma pesquisa com o objetivo de analisar os modos como a Língua Portuguesa e a Libras (Língua Brasileira de Sinais) estão implicadas nas atividades desenvolvidas por alunos surdos matriculados em classe comum da escola regular, no ensino fundamental. O estudo de campo foi feito em duas escolas de um município da Grande São Paulo. Como apenas a Língua Portuguesa era utilizada nas classes regulares e não havia intérprete, pusemos o foco nas atividades das salas de recursos. Os procedimentos abrangeram a observação dessas duas salas e entrevistas com as professoras responsáveis. Durante um semestre letivo foram observados quatro alunos surdos (dois de cada escola) durante atividades individuais: três garotas, uma do 5º. ano e duas do 7º. ano, e um garoto do 6º. ano. As análises mostram que a Libras não é usada também nas salas de recursos, ou seja, ela não está presente em nenhum espaço das duas escolas. As professoras recorrem apenas aos sinais como acessório ou ferramenta (e por vezes usados de forma confusa) para o ensino da Língua Portuguesa. Já o trabalho com essa língua é assumido como o principal objetivo do ensino nesse espaço, e os esforços, na leitura e escrita, são geralmente direcionados para a ampliação do vocabulário, valorizando-se habilidades de memorização, de cópia e até de decodificação oral. Esses achados indicam que o processo ensino-aprendizagem é baseado em atividades monolíngues e só adquire uma aparência bilíngue pela presença de sinais. Portanto, da perspectiva da instituição, o monolinguismo permanece como posição político-ideológica, mas, da perspectiva do aluno, as condições de ensino não promovem um acesso efetivo à Língua Portuguesa. Considerando que nada é oferecido também para o desenvolvimento da Libras, a experiência escolar desse aluno torna-se marcadamente empobrecida. As políticas públicas, o debate acadêmico e as concepções de professores, a despeito de divergências e contradições existentes, têm projetado mudanças significativas na educação de surdos. No entanto, os resultados deste estudo trazem uma amostra das ações educacionais concretizadas em escolas inclusivas - uma realidade ainda muito distante daquelas projeções e das reivindicações da comunidade de surdos.

Palavras-chave: educação de surdos; abordagem bilíngüe; educação inclusiva

 Fonte: comunicação oral apresentada no II Congresso Iberamericano de Educação Bilíngue Para Surdos, que acontecerá entre 24 e 28 de abril em Assunção, no Paraguai.

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