segunda-feira, 7 de maio de 2012

Educação Inclusiva Bilíngue para surdos e ouvintes


Educação Inclusiva Bilíngue para surdos e ouvintes: Uma escola em construção

Cristina B. F. de Lacerda (UFSCAR)

Vanessa Regina de Oliveira Martins  (UNICAMP/PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMPINAS)

Luana Martins (PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMPINAS)


RESUMO
O presente trabalho objetiva compartilhar alguns desdobramentos, positivos e negativos, no percurso de quatro anos de desenvolvimento de um projeto de educação inclusiva bilíngue para alunos surdos na Rede Municipal de Campinas /São Paulo. O projeto iniciado em 2008, a cada ano vem ganhando novos participantes, novas formas de trabalho, o que reverbera na qualidade das práticas escolares, na melhor qualificação docente – favorecendo, assim, a formação da equipe escolar em questão. Além da vasta preocupação com a formação dos profissionais envolvidos, o projeto conta com o desenvolvimento de material que proponha uma educação bilíngue, bem como, ações coletivas (de toda a equipe que participa da composição da escola Pólo bilíngue: intérpretes de língua de brasileira de sinais, professores bilíngues, instrutores surdos, assessoria pedagógica e de pesquisa, entre outros) que priorizem o fazer de uma escola regular, um espaço que seja, de fato, local de aprendizagens para alunos surdos e ouvintes.  Tal projeto conquistou uma dimensão importante na composição do setor de educação (ou educação especial) da Rede Municipal de Campinas. Atuando como professoras bilíngues desde 2009, nossa proposta em tal apresentação é de compartilhar os fazeres de uma sala multiseriada de surdos (I e II ciclo da ensino fundamental), no que temos chamado de construção coletiva e singularizada, nos processos de aprendizagens dos alunos surdos. Nosso foco neste trabalho se fará em alguns recortes selecionados e analisados dos vários acontecimentos neste cotidiano escolar. A análise será sobre o desenvolvimento lingüístico, em Libras e Português, de alguns alunos surdos que compõem o grupo de estudantes desta escola, em especial, da sala de aula que tem a Libras (Língua Brasileira de Sinais) como língua de instrução. Faremos algumas análises do processo de constituição da língua de sinais nestes alunos, no decorrer de três anos deste projeto, bem como apresentaremos algumas propostas de atividades práticas já desenvolvidas. Nosso intuito é de argumentar a significativa presença da língua de sinais na construção da segunda língua, no caso da língua portuguesa, e em todas as demais disciplinas escolares. Mais que isso, mostrar a necessária constituição do processo das relações escolares perpassadas pela Libras. Ou seja, quanto mais o aluno interiorizar em si a Libras, e a vê como capital simbólico em sua escola, como uma língua que é usada nas práticas cotidianas, maior o sentimento de pertença do grupo, o que repercute positivamente em sua aprendizagem. Todos estes processos de constituição deste “si surdo em Libras”, e suas relações com o entorno escolar, são de extrema relevância, interferindo, positivamente, na aprendizagem da língua portuguesa. Assim, adiantamos que a sala língua de instrução Libras, nas séries iniciais, possibilita uma maior rapidez na aquisição da Libras, e, evidentemente, uma importância fundamental na construção dos conhecimentos e conteúdos curriculares. Para isso a Libras de fato deve ser a língua de mediação dos conhecimentos, configurando um espaço de letramento visual para os alunos surdos ainda que no contexto da educação inclusiva bilíngue.

Fonte: Comunicação oral apresentada no II Congresso Iberamericano de Educação Bilíngue Para Surdos, 24 e 28 de abril em Assunção, no Paraguai.

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